twitter
rss


A educação é um importante instrumento de inteirar o homem com o seu meio social, pois possibilita a compreensão da sua realidade. Nesse processo, a escola desempenha papel fundamental na transmissão dos valores culturais.

Você sabia que podemos construir uma visão de mundo melhor baseando-nos no respeito às diferenças é promovendo uma relação desafiadora entre a Antropologia Cultural e a Educação?

Podemos perceber que existem distâncias entre a Antropologia Cultural e a Educação no que se refere ao método, mas também existem proximidades em relação ao objeto: ambas as disciplinas trabalham com modos de ser, viver e habitar dos grupos sociais. É este ponto comum que se torna interessante para trabalhar em sala de aula.

O educador, através dos métodos antropológicos (pesquisa de campo e da observação participante), pode promover o dialogo de respeito à diversidade cultural, abordando temáticas que envolvam as transformações e os conflitos sociais, a moral e ética, questões relacionadas ao gênero, a etnia e ao trabalho...

Cultura e História

Vimos que cultura tem vários significados. Dentre eles encontramos para definir o que é cultura a idéia tanto de valores e padrões de comportamento de uma sociedade quanto de civilização e progresso, lembra?

Pois bem, podemos afirmar que cada grupo social possui sua história e, consequentemente, produz sua própria cultura. O importante ao estudar o processo histórico dos grupos sociais é perceber que cada um, enquanto produtor de cultura tem sua especificidade e seu valor.

Assim, não podemos usar "chavões" para entender a cultura do outro. Devemos procurar entender cada cultura na sua particularidade, evitando comparações como "a minha é a melhor".



ANTROPOLOGIA

A Antropologia é uma ciência que se preocupa em conhecer o homem em sua completude, ou seja, seus traços biológicos e socioculturais. Ela é, pois, o estudo do homem com suas culturas e histórias, suas linguagens, valores, crenças ou hábitos. O termo Antropologia tem sua origem na palavra que vem do grego anthropos, homem e logos, razão, pensamento.

São duas as áreas de seu interesse: a Antropologia Biológica ou Física e a Antropologia Cultural ou Social. A Antropologia Biológica tem sua essência e dedicação aos aspectos biológicos do homem, enquanto a Antropologia Cultural cuida de observar e estudar as condutas dos seres humanos pertencentes a uma mesma cultura, ou seja, a produção humana ao longo do tempo.



Noção Antropológica de Cultura

Certamente, você já ouviu falar em cultura. Creio que você já percebeu que esse termo suscita muitas interpretações, não é mesmo? Se formos buscar um conceito para essa palavra no velho e conhecido dicionário Aurélio, vemos, entre os citados, como sendo ato, efeito ou modo de cultivar. Esta idéia originária de fazer brotar, crescer e desenvolver aparece no final do século XI como sinônimo de agricultura. Podemos também extrair desse conceito como sendo a ação que conduz à realização de alguma coisa ou de alguém; e isto não é legal perceber?

Bom, historicamente, a palavra cultura assumiu outros significados: no século XVIII a palavra cultura ressurge, mas como sinônimo de um outro conceito; tornando-se sinônimo de civilização. Ela tornou-se o padrão ou o critério que mede o grau de civilização de uma sociedade. Assim, a cultura passou a ser encarada como um conjunto de práticas (artes, ciências, técnicas, filosofia, ofícios) que permitam avaliar e hierarquizar as sociedades segundo um grau de evolução/ progresso.

No século XIX, quando se constitui a Antropologia como um ramo das ciências humanas, os antropólogos por tomarem a noção de progresso vinda do século XVIII, precisaram estabelecer um padrão para medir a evolução ou o grau de progresso cultural das sociedades. Sabe qual foi esse padrão? O europeu! Todos os grupos sociais que não atingissem os critérios europeus de estado, mercado, escrita eram considerados atrasados, primitivos culturalmente.

A partir da segunda metade do século XX, o conceito de cultura expande-se. Passa a ser entendida como produção e criação da linguagem, da religião, dos instrumentos de trabalho, das formas de lazer, da música, da dança, dos sistemas de relações sociais. A cultura passa a ser compreendida como o campo no qual a sociedade inteira participa elaborando seus símbolos e seus signos, suas práticas e seus valores.

Mas você deve estar se perguntando: O que é a cultura do ponto de vista antropológico?

A primeira definição formulada do ponto de vista antropológico aparece com Edward Tylor, na sua obra Primitive Culture (1871). Cultura, para Tylor, é o comportamento aprendido, tudo que independe de uma transmissão genética. Ele procurou demonstrar que ela pode ser objeto de estudo sistemático, pois possui causas e regularidades e, assim, permitindo um estudo objetivo capaz de levar a formulação de leis sobre o processo cultural.

Bem, após passear por algumas interpretações acerca da cultura, inclusive na visão antropológica historicamente construída, podemos entender que ela, hoje, aparece enquanto um conjunto de normas que permeiam o relacionamento dos indivíduos em um grupo social e nos diz como ele pode e deve ser classificado. Neste conceito também se insere as produções originais do homem (artesanais, artísticas e religiosas...). A cultura, do ponto de vista antropológico, é um instrumento para compreender as diferenças entre os homens e as sociedades.


Desde a antiguidade, tem-se tentado explicar as diferenças de
comportamento entre os homens, a partir das diversidades genéticas ou
geográficas. As características biológicas não são determinantes das diferenças
culturais: por exemplo, se uma criança brasileira for criada na França, ela
crescerá como uma francesa, aprendendo a língua, os hábitos, crenças e valores
dos franceses.
Podemos citar, ainda, o fato de que muitas atividades que são
atribuídas às mulheres numa cultura são responsabilidade dos homens em outra. O
comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo chamado
endoculturação ou socialização. Pessoas de raças ou sexos diferentes têm
comportamentos diferentes não em função de transmissão genética ou do ambiente
em que vivem, mas por terem recebido uma educação diferenciada. Assim, podemos
concluir que é a cultura que determina a diferença de comportamento entre os
homens. O homem age de acordo com os seus padrões culturais, ele é resultado do
meio em que foi socializado.
Para Edward Taylor, 1871: Cultura é o todo complexo que
inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade. Taylor
foi o primeiro a formular o conceito de cultura do ponto de vista antropológico
da forma como é utilizado atualmente.
A cultura é
um processo acumulativo. O homem recebe conhecimentos e experiências acumulados
ao longo das gerações que o antecederam e, se estas informações forem adequada
e criativamente manipuladas, permitirão inovações e invenções. Assim, estas não
são o resultado da ação isolada de um gênio, mas o esforço de toda uma
comunidade.
A existência humana é marcada pela cultura e é ela a própria
fundamentação da humanidade. Cultura é criação/ aprendizagem/ criação. É
modificada, enriquecida, num processo constante, consciente e inconsciente, por
acaso e por necessidade. Por isso a cultura marca, registra e pauta as condutas
humanas.

Ruth Ramos Sabat (UFRGS)
Como as normas heterossexuais são construídas nos filmes infantis de animação? Quais os mecanismos utilizados nas narrativas fílmicas para reproduzir a heterossexualidade como norma social? Como o outro é representado no processo de produção de identidades de gênero e sexuais normalizantes?
Tais perguntas servirão como balizas para este artigo, pois considero-as produtivas na medida em que nos permitem pensar como alguns artefatos culturais, tais como os filmes infantis de animação, estão constituindo a infância, considerando que freqüentemente, as crianças assistem a esses filmes inúmeras vezes – seja em casa, no cinema ou na própria escola – decorando as músicas, os gestos, os diálogos.
É dentro desse contexto que se produz um currículo cultural que constitui sujeitos, ensina comportamentos, hábitos e atitudes. E é a partir desse contexto que escrevo este artigo: tomando o filme Mulan, como um artefato cultural que opera como meio de representação do eu e do outro, como forma de educar e governar sujeitos, como um meio de regular condutas. Tal representação não traz apenas marcas concretas, mas também subjetivas, envolvendo ética, sentimentos, qualidades pessoais. Ao analisar as representações do feminino, é imprescindível observar também de que formas o feio, o estranho, o abjeto é representado, considerando a indefinível fronteira entre esses elementos e seus opostos, ou seja, o belo, o “normal”, qualidades freqüentemente atribuídas aos heróis ou às heroínas.
Nesse sentido, meu objetivo é analisar de que formas a conduta heterossexual está sendo re/produzida nos filmes infantis de animação, na medida em que eles tornam possível educar e regular os sujeitos (Donald, 1999). Busco observar de que forma os filmes infantis de animação constróem representações de gênero e de sexualidade, a partir do outro como parâmetro de normalidade. Portanto, ao analisar as representações do feminino, estarei também analisando as representações do outro no filme Mulan, como o outro da heroína, do feminino. Para isso tomo como suporte o conceito de performatividade (Culler, 1999; Butler, 1999); e de representação (Silva, 1999). Utilizo tais conceitos – inseridos na teoria queer e na perspectiva dos Estudos Culturais, respectivamente – para analisar a construção da heterossexualidade como norma social.
No filme Mulan, dos estúdios Disney (1999), o pai de Mulan, a heroína, é convocado a se alistar no exército que vai lutar contra os Hunos. Como seu pai está velho e doente, Mulan disfarça-se de homem e vai para a batalha com o objetivo de preservar a honra da família. Nessa narrativa, o outro com o qual a personagem tem que se defrontar, se apresenta de duas formas: por um lado através dos Hunos, seus inimigos; por outro lado, através de seus próprios companheiros homens do exército.
Inicialmente, mostro a importância que tem a visualidade na cultura ocidental, localizando o cinema e os filmes como artefatos culturais que utilizam mecanismos educativos e até mesmo pedagógicos. Em seguida, apresento alguns dos tópicos fundamentais da teoria queer, utilizando especificamente os argumentos da filósofa americana Judith Butler (1999), relacionados à performatividade. Na parte final do artigo, apresento uma análise do filme Mulan, utilizando a teoria performativa como ferramenta analítica.

I – O cinema como cultura visual
A cultura é produzida, entre outras coisas, pela visão; ao mesmo tempo o ato de ver alguma coisa é já, ele mesmo, produtor de cultura. A experiência visual no mundo contemporâneo tem caminhado muito próxima da construção do real; de um real que nem sempre é racional, como no caso da presença constante de monstros e bruxas nas histórias infantis. São os novos problemas identificados no ato de ver que estão no centro de uma perspectiva pós-moderna. Isso não significa minimizar a importância da textualidade, mas sim ampliá-la ou torná-la elemento importante na cultura visual. A imagem, e tudo o mais relacionado à visão, constitui também o texto escrito sobre o social, sobre sujeitos históricos.
Isso não significa, de modo algum, assumir a centralidade da visão, mas sim problematizá-la considerando sua relação com outros sentidos e com outras formas de representação. O visual, as imagens, são muito mais que estratégias ou recursos para enriquecer o texto escrito. Mirzoeff (1998) afirma que “[o visual] oferece uma proximidade dos sentidos que não pode ser rivalizada pela mídia impressa: ele é o próprio elemento que torna a visualidade de todos os tipos diferente dos textos”. (p.9). Essa sensação imediata que irrompe no momento em que observamos um evento suscita sentimentos como raiva, admiração, prazer, horror. Ou seja, podemos identificar o cinema como um dos mecanismos mais importantes na produção de uma cultura visual e que funciona, basicamente, por meio de um processo de interação com o público espectador suscitando os mais diferentes tipos de reações.
Até a primeira metade deste século, o sucesso alcançado pelos filmes de longa-metragem era devido exclusivamente aos seus próprios méritos, ao contrário de hoje, quando os longas são apresentados acompanhados de diferentes artigos produzidos para serem consumidos simultaneamente e contribuindo diretamente para o sucesso do filme. No caso dos filmes infantis de animação os artigos vão desde camisetas, sapatos, jogos eletrônicos, até grande número de artigos escolares como cadernos, lancheiras, mochilas.
Atualmente, o filme é apenas um dos produtos que compõem um agregado de produtos formando um pacote multimídia de consumo cultural que funciona dentro da lógica capitalista do mundo globalizado. Desse modo, os custos da produção podem ser garantidos não apenas pela bilheteria do cinema, mas sim por uma ampla estratégia publicitária e de marketing. Uma das conseqüências é que o processo de significação é ampliado envolvendo outros espaços além da sala de cinema. Um exemplo interessante foi o que ocorreu com o filme Os caça-fantasmas (Ghostbusters) do qual o logotipo foi divulgado muito antes do seu lançamento, através de camisetas, bonés e até mesmo da trilha sonora; o filme entrou aí apenas como mais um dos produtos a serem vendidos (Turner, 1997). Mais recentemente, com o lançamento do filme Tigrão, os estúdios Disney em parceria com a mega rede de sanduíches McDonald´s comercializou 2 milhões de personagens do filme em forma de bonecos para atender a demanda. Segundo Turner (1997), ultimamente muitos orçamentos de produção de filmes têm sido menores do que a verba destinada para sua publicidade.
Os desenhos animados, no formato de filmes infantis, têm sido produzidos em números cada vez maiores, pelos grandes estúdios cinematográficos. Longe de serem simples mecanismos de diversão, tais filmes podem ser considerados artefatos que exercem uma determinada pedagogia cultural. É a partir desta perspectiva que busco analisá-los como espaços de constituição de identidades de gênero e sexuais, e como construtores de uma heterossexualidade normativa que produz sujeitos da educação. Freqüentemente, os filmes infantis produzidos constróem as diferenças de gênero e sexuais de forma “convencional”, determinando a construção hierárquica do feminino e do masculino como definitivas e imutáveis.
Tais filmes são dirigidos mais específicamente a uma faixa etária determinada e neles o que podemos observar é uma série de narrativas em torno de comportamentos e valores que, entre outras coisas, estão produzindo determinados sujeitos de gênero. É nesse sentido que se torna importante estarmos atentas/os para as formas através das quais as representações de gênero têm sido reafirmadas na sociedade ocidental contemporânea, contribuindo para educar sujeitos e normalizar condutas.

II - Atos que constituem o sujeito
Se a visualidade ocupa um lugar de destaque na cultura contemporânea, o mesmo podemos dizer da linguagem como elemento imprescindível no processo de representação cultural. Considero, pois, produtivo pensar em termos de possíveis cruzamentos entre a noção de representação e de ato performativo; e, a partir daí, analisar como essas duas noções operam para produzir o outro.
As noções de representação e de ato performativo surgem ambas no contexto da “virada lingüística”. Representar aqui é nomear a realidade e ao mesmo tempo constituí-la, a partir de significados que são atribuídos a eventos, a objetos, a sentimentos. Assim sendo, o ato mesmo de representar significa constituir realidades através da linguagem. Tudo o que é nomeado é feito a partir de um contexto em que tal nomeação faça sentido e, desse modo, nomear/representar, torna-se imediatamente algo material. (Silva, 1999).
Quanto à performatividade, este é um conceito que se apoia na teoria dos atos de fala de John Austin (1990), uma expressão performativa realiza algo, no momento de seu proferimento, desde que dita nas circunstâncias apropriadas. Judith Butler (apud Culler, 1999), propõe considerar o gênero como performativo, pelo fato de ele não ser uma afirmação ou uma negação, mas sim uma construção que se dá através da repetição de atos que tenham alguma correspondência com as normas sociais e culturais. Portanto, um gênero é um modo de subjetivação dos sujeitos, pois do mesmo modo, "o 'eu' nem precede nem se segue ao processo de atribuição de gênero, mas surge apenas no interior de e como matriz das próprias relações de gênero" (Butler apud Culler, 1999, p.103).
O gênero dos sujeitos, portanto, é constituído em meio a esta operação, e como tal ele precisa ser constantemente reinvocado. O que não se pode esquecer é que esse processo implica reafirmar atribuições específicas aos indivíduos e, ao mesmo tempo, subverter tais atribuições. Ou seja, o gênero e o "eu" dos sujeitos são constituídos não pelo que são em uma condição preexistente, mas sim pela forma como são nomeados em diferentes momentos de sua existência. Culler (idem, p. 103) apresenta o seguinte exemplo:

Desse ponto de vista, a elocução 'É uma menina!' ou 'É um menino!' pela qual um bebê é, tradicionalmente, saudado quando vem ao mundo, é menos uma elocução constativa (verdadeira ou falsa de acordo com a situação) do que a primeira de uma longa série de performativas que criam o sujeito cuja chegada anunciam.


O questionamento da heterossexualidade como sexualidade normativa tem encontrado na teoria queer seu espaço mais forte de debates. Na teoria feminista a palavra “queer” remete de imediato a questões sobre homossexualidade e o que se conhece hoje como teoria queer tem sido afirmada como área de estudos desde 1991. Seu surgimento ocorre a partir da união dos estudos gays com os estudos lésbicos, estes reconhecidos como campos disciplinares desde a década de 80, quando emergem dos estudos feministas. A teoria queer vem radicalizar a idéia de que também a sexualidade é uma construção social. Segundo Deborah Britzman (idem, p. 74):

Nenhuma identidade sexual —mesmo a mais normativa— é automática, autêntica, facilmente assumida; nenhuma identidade sexual existe sem negociação ou construção. Não existe, de um lado, uma identidade heterossexual lá fora, pronta, acabada, esperando para ser assumida e, de outro, uma identidade homossexual instável, que deve se virar sozinha. [Grifos da autora].

A concepção da heterossexualidade como apenas mais uma das sexualidades construídas socialmente, é o ponto de partida da teorização queer; isso significa dizer, por outro lado, que a homossexualidade, a bissexualidade – e as várias outras formas através das quais os sujeitos vivem seus desejos – também são problematizadas pela teoria queer. Ao fim e ao cabo, o que está em jogo nesta perspectiva teórica é o questionamento de qualquer tipo de rotulação de identidades sexuais ou de gênero, sob pena de fixar algo que não deve – ou não pode – ser fixado.
Os códigos de heterossexualidade, envolvem negociar e compartilhar significados nas próprias relações sociais. Compreender a identidade heterossexual como re/produzindo-se permanentemente, significa aceitar que a heterossexualidade não é prazerosa e tranqüila sempre. A impossibilidade de pôr em xeque algumas normas e signos, está ligada ao caráter supostamente natural da heterossexualidade que prescinde de um questionamento de si própria como problemática. É precisamente em meio a esses discursos que são produzidas representações hegemônicas de heterossexualidade como a sexualidade “normal”.
De maneira mais ampla, é em torno dos argumentos acima que se desenvolvem as discussões sobre gênero e sexualidade, a maioria compartilhando da separação no que diz respeito a sexo (homem ou mulher), a gênero (masculino ou feminino) e à sexualidade (homo ou heterossexual).
Desestabilizando esse quadro que, em alguns momentos, parece ser estável ou tranqüilo Judith Butler, uma das principais teóricas queer, vai pensar a identidade, o corpo e o sujeito desde um mesmo eixo analítico: em termos de uma teoria performativa. Butler (1999), argumenta que o sexo, assim como o gênero, é materializado através de práticas discursivas, de normas regulatórias que não são nunca finalizadas, pois permanecem num processo constante de reafirmação. Tal processo é indispensável para garantir a hegemonia das leis regulatórias, sob pena de fragilizar e abrir espaços para contestação de tais leis. Nesse sentido, a utilização do termo queer para nomear esse campo de estudos, funciona como uma estratégia política de reafirmação de um significado na forma contrária como tem sido utilizado habitualmente.

III – Atos que subvertem o sujeito
No filme Mulan observamos a permanente reiteração performativa em função da construção de sua suposta masculinidade como um modo de salvar a honra da família. Tal necessidade afirma-se desde o início, quando em meio a uma discussão entre os ancestrais sobre uma forma de salvar Mulan, que foi se alistar no exército disfarçada de homem, um deles diz: sua bisneta tinha que ser transformista!. Declara-se, então, a mudança de um gênero para outro; uma transformação que precisa de alguns artifícios para se concretizar.
Mulan, então, passa por um processo de construção de uma nova identidade. Ao ser rejeitada como candidata a noiva, ela canta: quem é que está aqui junto a mim/ em meu ser/ é a minha imagem/ eu não sei dizer/ vou desvendar quem sou/ eu vou lembrar/ quando a imagem de quem sou/ se revelar. Essa busca de Mulan anuncia sua transformação subjetiva, no momento em que percebe que não se sairá bem como esposa perfeita; transformação esta que mais tarde deverá ter marcas corporais e de atitudes, quando ela assume um "comportamento" masculino. A construção da personagem representa a oscilação permanente entre qualidades consideradas femininas e outras consideradas masculinas, através de um sucessivo número de nomeações.
O dragão Mushu (um ser enviado pelos ancestrais para proteger Mulan) ensina-a como agir: é o seguinte: tem que andar que nem homem, levanta o queixo, ombro pra trás, separa os pés, ergue a cabeça... Ao avistar um grupo de soldados, um mexendo nos pés, outro com o dedo no nariz, ela diz isso é uma nojeira!, e o dragão responde: não, são homens e você vai ter que ser igual a eles. Em outro momento, enquanto toma banho no lago, Mulan (agora chamada Ping) justifica-se: Só porque pareço com um homem não quer dizer que tenha que cheirar como um.
Retomo aqui a intenção inicial de pensar possíveis cruzamentos entre a noção de representação e de linguagem performativa: acredito que falar em uma não exclui a outra, pelo fato de que ambas implicam ações que operam para constituir o real. No caso do cinema, existe uma complementação na qual a imagem junto com a fala constrói representações. A imagem, junto com a linguagem tem uma função performativa que constrói algo ao mesmo tempo em que representa e age sobre um sujeito, no caso a personagem, nomeando-o.
Nesse sentido, é preciso lembrar que todos os esforços de Mulan estão canalizados para um objetivo maior: salvar a honra da família, como o representante "masculino" que vai defender seu país na batalha contra os Hunos. Desse modo, só podemos identificá-la como heroína no momento em que a confrontamos com o outro. Entendo que o outro aparece sob duas formas: como os Hunos e como os homens, seus companheiros de exército, tal como estão ali representados.
Como bons vilãos, os Hunos são representados imageticamente em cores escuras, traços pontiagudos, vozes firmes e pausadas, corpos fortes e assustadores. As cores do filme, até então claras e alegres, passam a sombrias quando a cena concentra-se no inimigo. Os vilãos têm poucas aparições e poucos diálogos. Sua presença forte afirma pela imagem o contraste entre as qualidades desejáveis de um herói e as indesejáveis de seu outro. O filme concentra sua atenção na representação de gênero, isto é, volta-se mais diretamente para marcar diferenças entre o feminino e o masculino de sujeitos que estão "do mesmo lado", ou seja, entre os que estão lutando pela libertação do Império Chinês. Sendo Mulan a heroína, ela é apresentada como o modelo a ser seguido, enquanto que o outro está representado pelos soldados que lutam com ela. Ser um homem significa não apenas ser forte, mas também ser grosseiro, mal educado e violento, características que ela precisa adotar para ser reconhecida e respeitada no exército.
É possível ler, então, essa narrativa de dois modos: por um lado, existe a reiteração constante das qualidades que deve ter uma mulher; por outro lado, há a representação do homem como o ser abjeto e, nesse sentido, a performativa presente no filme pode funcionar como reiteração e subversão ao mesmo tempo. Butler (1999) afirma que, no momento em que é estabelecida uma matriz de gênero adotada como normal, tudo o que se encontra fora dela é considerado abjeto. Segundo a autora:

O abjeto designa aqui precisamente aquelas zonas "inóspitas" e "inabitáveis" da vida social que são, não obstante, densamente povoadas por aqueles que não gozam do status de sujeito, mas cujo habitar sob o signo do "inabitável" é necessário para que o domínio do sujeito seja circunscrito. Essa zona de inabitabilidade constitui o limite definidor do domínio do sujeito; ela constitui aquele local de temida identificação contra o qual  e em virtude do qual  o domínio do sujeito circunscreverá sua própria reivindicação de direito à autonomia e à vida. Neste sentido, pois, o sujeito é constituído através da força da exclusão e da abjeção, uma força que produz um exterior constitutivo relativamente ao sujeito, um exterior abjeto que está, afinal, "dentro" do sujeito, como seu próprio e fundante repúdio. (1999, p.155-6).

Mulan penetra nessa zona "inabitável" em função de um objetivo maior que é salvar a honra da família, mas ao mesmo tempo zela pelas qualidades que lhe garantem continuar sendo uma mulher. É possível, então, analisar os atos performativos no filme como algo que reitera/subverte/ reitera a representação feminina. Mulan, ao passar pela experiência de tornar-se um "homem", identifica o outro, aquele sujeito como alguém que não quer ser. Ela sai de casa, vai para o acampamento, passa por treinamentos e, finalmente, no campo de batalha, torna-se responsável pela vitória. Entretanto, em seu retorno para casa, Mulan assume seu comportamento inicial, seu papel de filha, e termina sendo pedida em casamento pelo comandante da tropa.
O comportamento inicial ao qual me refiro é mostrado no início do filme, quando Mulan prepara-se para encontrar a casamenteira , ela relembra quais as qualidades de uma esposa desejável: Calma e reservada, graciosa e delicada, educada, refinada, equilibrada e pontual... Sua mãe e sua avó cantam ainda: A moça vai trazer a grande honra ao seu lar/ achando um bom par/ e com ele se casar./ Mas terá que ser bem calma/ obediente, com bons modos e com muito amor/ Traz mais honra a todas nós. Entretanto, todas essas qualidade deverão ser esquecidas no contato com os soldados. Estes, recrutados sem nenhum critério, apresentam tipos físicos completamente fora dos padrões determinados socialmente, a exceção do comandante Shang, um jovem forte e musculoso, que com determinação e disciplina, consegue preparar os demais soldados para a batalha.
Inicialmente, pensava em analisar o outro representado pela figura dos Hunos, do inimigo; mas a partir do momento em que comecei a observar o filme, percebi que os próprios homens, companheiros de Mulan no exército, desempenham um papel muito mais forte, em termos de qualidades que contribuem para construir o "eu" de Mulan. A masculinidade representada carrega um alto grau de abjeção: os homens são grosseiros, sujos e violentos. O tempo todo, Mulan luta para não abdicar de suas qualidades "femininas". Enquanto toma banho, contra a vontade do dragão, seu protetor, este sai resmungando para si próprio, imitando Mulan: Vá vigiar enquanto eu estrago nosso segredo com essa mania de mulherzinha: higiene!
Segue-se, então, uma série de performativas que partem de um sujeito que existe ali em minoria, e que reitera uma representação de masculinidade com algo abjeto: ao ver um homem batendo em outro, Mulan diz: acho que não vou conseguir e o dragão encoraja-a: é só pegar o jeito, seja agressiva como essa cara aí. Vamos! Dê um soco nele, homem gosta disso. Em outro momento, o comandante vai até Mulan e diz que não quer confusão no acampamento e ela, com voz forte e trejeitos firmes, diz: desculpe a bagunça mas é a masculinidade. Dá vontade de quebrar as coisas, arrotar, falar palavrão... No primeiro dia no acampamento, Mulan acorda para treinar junto com os outros soldados e o dragão lhe diz: vamos! Grita! Me assusta! Bota esse machão pra fora! Já nas fileiras do exército, o comandante dá as primeiras instruções: soldados! Vão se apresentar em ordem e silêncio todas as manhãs! Quem desobedecer será punido. Tal procedimento é semelhante ao que a esposa deve ter ao casar; enquanto os soldados devem estar subordinados ao comandante, a mulher deve estar subordinada ao marido. É um procedimento que funciona, não apenas como modo de subjetivação do sujeito, como também de educação para um contexto sociocultural determinado, através do elenco de uma série de procedimentos que compõe um currículo específico.
Desse modo, ocorre simultaneamente um processo de subjetivação que reafirma a feminilidade de Mulan e que rejeita a masculinidade vigente, contribuindo para reafirmar a posição que ela ocupa naquele contexto de filha exemplar criada para o casamento. Para Butler, esse domínio da abjeção é fundamental na constituição da identidade. Segundo a autora:

A formação de um sujeito exige uma identificação com o fantasma normativo do sexo: essa identificação ocorre através de um repúdio que produz um domínio de abjeção, um repúdio sem o qual o sujeito não pode emergir. Trata-se de um repúdio que cria a valência da "abjeção"  e seu status para o sujeito  como um espectro ameaçador. Além disso, a materialização de um dado sexo diz respeito, centralmente, à regulação de práticas identificatórias, de forma que a identificação com a abjeção do sexo será persistentemente negada. (1999, p. 156)

A experiência pela qual passa a heroína, é permanentemente atravessada pela indesejada identificação com o sexo oposto, materializada em práticas abjetas. Essa desidentificação com as normas regulatórias pelas quais a diferença sexual é materializada (Butler, idem), ao meu ver trabalham muito mais para reforçar a representação de feminilidade que é adotada pelos modelos hegemônicos de pensamento do que para subvertê-las. A feminilidade aparece aqui como o "eu" e a masculinidade como um domínio abjeto. Se, por um lado, essa prática é subversiva, por outro, ela reitera exatamente aquelas características femininas que servem para construir a feminilidade como um dos domínios de abjeção, em relação ao modelo regulatório que é a masculinidade: doçura, fragilidade, submissão.
O sexo de Mulan é revelado após a batalha contra os Hunos na qual ela é ferida. A partir deste momento a forma como ela passa a ser vista por todos muda radicalmente muito menos por ela ter se passado por homem, e muito mais por ela ser uma mulher. Isso fica bem claro nas cenas finais do filme quando o conselheiro imperial, indignado com os acontecimentos, procura Mulan que é protegida por Shang. O conselheiro, então, ordena: Saiam daí! Essa criatura não é digna de proteção. Shang argumenta: É uma heroína! E o conselheiro afirma: Uma mulher? Nunca será digna de nada!
Mas os esforços de Mulan são reconhecidos pelo imperador e ela não somente é condecorada, como também é nomeada conselheira imperial, embora recuse o cargo preferindo voltar para sua família. De volta ao lar, Shang vai ao encontro de Mulan e fica implícito, no filme, um “final feliz”. A rebeldia de Mulan serve, ao final, para que ela alcance o seu objetivo maior: casar e trazer mais honra a sua família.
O filme apresenta uma oscilação constante entre o ato de subverter e o ato de reiterar um sujeito a partir de seu sexo. Quando o sexo de Mulan é descoberto, ela confessa a Mushu que, na verdade, havia feito aquilo tudo por ela mesma, e não por seu pai, como uma forma de provar que poderia fazer bem alguma coisa – uma clara referência ao seu fracasso inicial diante da casamenteira. É, portanto, inevitável que após ter passado por toda a experiência de estar no exército, entre homens e tendo que se comportar como um deles, a Mulan que retorna não é a mesma que partiu.

Referências bibliográficas
AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. 136p.
BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 153-172.
DONALD, James. Pedagogia dos monstros: o que está em jogo nos filmes de vampiro? In: SILVA, Tomaz Tadeu da. Pedagogia dos monstros: prazeres da confusão de fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 105-140.
MIRZOEFF, Nicholas. What is visual culture? In: MIRZOEFF, Nicholas. (Org.). Visual culture reader. Londres: Routledge, 1998. p. 3-13.
SILVA, Tomaz Tadeu da. O currículo como prática de significação. In: O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 07-30.
TURNER, Graemer. O cinema como prática social. São Paulo: Summus, 1997. 174 pp.

“Tolerar a existência do outro,
E permitir que ele seja diferente,
Ainda é muito pouco.
Quando se tolera,
Apenas se concede
E essa não é uma relação de igualdade,
Mas de superioridade de um sobre o outro.
Deveríamos criar uma relação entre as pessoas,
Da qual estivessem excluídas
A tolerância e a intolerância.”
(José Saramago)
“A fim de imaginarmos, de forma aproximadamente precisa, determinada pessoa, temos antes de mais nada de estudar a sua época, fase em que podemos até mesmo ignorá-la, para depois, a ela retornando, encontrar o maior agrado na sua comtemplação.”
(Carta de Goethe a Karl Friedrich Zettei)
“O que eu sou é o que me faz viver.”
(Shakespeare, Henrique III)
“Ante os fatos nem rir, nem chorar, mas compreender.”
(Baruch Espinosa)

“Só não há poder sobre os mortos”
(Walter Benjamin)

PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL uma experiência fundamentada na Epistemologia Convergente

RESUMO
Através do tema, a autora propõe apresentar as contribuições da Epistemologia Convergente como instrumento para se pensar sobre as interações no âmbito institucional, na relação de ensinar e aprender, e como forma de atuação preventiva em Psicopedagogia. Esse trabalho é o resultado de discussões permanentes entre profissionais que atuam no contexto escolar e que se preocupam em pensar sobre a aprendizagem como processo de construção coletiva, bem como seus efeitos no contexto escolar. Tais discussões acontecem numa escola do Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, vinculada à rede pública. Com base nas reflexões realizadas, articuladas às contribuições da Epistemologia Convergente, constrói-se uma proposta de mudança nas relações dentro da instituição.
Unitermos: Aprendizagem. Epistemologia Convergente. Psicopedagogia Institucional. Psicologia Social. Zona de Desenvolvimento Real e Proximal.

Introdução
Como a Psicopedagogia pode ser um instrumento de trabalho no âmbito institucional escolar? Será que a atuação da Psicopedagogia ocorre somente quando o psicopedagogo ou a assessoria psicopedagógica é contratada?

Considerando que o objeto de estudo da Psicopedagogia seja a aprendizagem, cria-se a condição de pensar sobre ela além dos contratos estabelecidos, mas como experiências que se complementam no âmbito institucional, frente às diferentes possibilidades de atuação psicopedagógica. Quando se fala sobre a Psicopedagogia na instituição de ensino, existe uma reação imediata dos profissionais da área: trata-se de uma experiência que esta muito longe de se tornar realidade. Só a atuação na clinica é uma possibilidade real com conflitos possíveis de serem administrados.
Sem dúvida, a Psicopedagogia no âmbito institucional, além de ser um campo de estudo que vem se desenvolvendo como ação preventiva importante, é também uma atividade “ameaçadora” para alguns segmentos, pois fortalece a identidade do grupo, que aprende no coletivo e transforma a realidade escolar. As resistências também podem estar ancoradas no que vem sendo produzido como saber psicopedagógico, ou sob a influência das “especializações que especializam” a própria Psicopedagogia, com ênfase no trabalho individual e dissociado, desarticulando as relações e os saberes. “Precisamos tomar cuidado para não fabricarmos dentro de uma disciplina o aparecimento de uma fragmentação tal que descaracterize a própria disciplina. Portanto, quando falamos de Psicopedagogia Clínica e Institucional, não podemos perder de vista que estamos falando de uma mesma disciplina, agindo em âmbitos diferentes.”
Não se pode perder as conquistas históricas de uma Psicopedagogia que surge para se contrapor à fragmentação e tratar a aprendizagem de uma forma inteira, entendendo o indivíduo no aspecto afetivo, cognitivo, social, corporal e de tantas outras formas que se fazem necessárias. Ao se atender uma criança no âmbito clínico, existe a interação com a escola, ou seja, o lugar onde se apresenta o sintoma. O contexto maior estará sempre fazendo parte do dialogo psicopedagógico, não existindo o clínico sem o institucional e vice-versa. Portanto, por mais que não se vislumbre a interação com o campo institucional, ele está presente; dialoga-se com esse contexto o tempo todo, mas se fala dele como se não existisse ou fosse impossível torná-lo realidade. Assim como não se concebe o trabalho institucional como viável, porque a discussão está centrada somente nas definições de papéis para execução de determinadas funções ou porque é tido como função especializada, deixa-se de perceber outras possibilidades que podem existir e estão se constituindo nesse espaço, com o caráter preventivo. É dessa possibilidade que se trata aqui: o indivíduo com a formação em Psicopedagogia, atuando na instituição sem a função específica, mas interatuando, com as experiências e com o olhar psicopedagógico. É pensar na Psicopedagogia de forma articulada, sem rupturas e sem barreiras, com o objetivo de entender como as pessoas aprendem diante das experiências vivenciadas no cotidiano institucional. É, pois uma proposta articulada a um grupo de estudos com profissionais que tem formação em psicopedagogia.

Da Instituição para o Grupo de Estudo e do Grupo para Instituição

A Psicopedagogia, como recurso no âmbito institucional, é o resultado de reflexões que se apóiam no grupo de estudo. O grupo de estudo é um espaço aberto que une as pessoas por objetivos e necessidades em comum, através do diálogo permanente sobre a realidade institucional escolar, tal como se apresenta, com foco na aprendizagem, construindo um saber coletivo e coletivizado.
É no grupo que se organiza a proposta de interesse, mediada por um profissional da área, com o papel de intervir sempre que necessário, através de uma atitude operativa, ou seja, a de ajudar o grupo a pensar autonomamente. Essa postura é inspirada na Psicologia Social, através da técnica de grupos operativos, que tem como “finalidade que seus integrantes aprendam a pensar em uma co-participação do objeto de conhecimento, entendendo-se que pensamento e conhecimento não são fatos individuais, mas produções sociais.”2
As experiências construídas estão relacionadas às contribuições da Epistemologia Convergente como instrumento para pensar sobre as interações no âmbito institucional, na relação de ensinar e aprender, e como forma de atuação preventiva em Psicopedagogia.
A Epistemologia Convergente, idealizada por Jorge Visca3, psicopedagogo argentino que muito contribuiu para uma fundamentação teórico-prática da Psicopedagogia, na América do Sul, integra, simultaneamente, as contribuições da Psicanálise, da Escola de Genebra e da Psicologia Social de Pichon-Rivière. Tal contribuição possibilita uma reflexão a partir da idéia de se articular saberes, proporcionando um melhor fluxo do conhecimento, abrindo caminhos para a compreensão do fenômeno da aprendizagem.
A concepção de aprendizagem apresentada pela Epistemologia Convergente está relacionada ao esquema evolutivo da aprendizagem, através das relações vinculares. Refere-se aos aspectos afetivos e também cognitivos que se estabelecem desde o nascimento, no contato com a função maternante, ampliando-se as relações para a família a comunidade e a escola.
Portanto o aprender não se restringe a escola, mas é inerente ao desenvolvimento humano durante toda a sua existência, através das interações com o outro.
Apoiado na Psicanálise, Visca sustenta que a vinculação afetiva que o indivíduo estabelece com o objeto da aprendizagem pode criar possibilidades e/ou impedimentos, gerando obstáculos que têm a capacidade de impedir ou dificultar a aprendizagem. Assim, o processo de aprendizagem não está dissociado dos aspectos objetivos da realidade vivenciada, nem dos aspectos subjetivos, mediados pela realidade e transformados em experiências que mobilizam ou imobilizam os indivíduos diante de outras experiências. Essa contribuição ajuda a pensar sobre as dimensões afetivas que contracenam com o movimento de aprender, gerando condutas de ansiedade e medos.
No âmbito institucional, as relações grupais estão permeadas de conflitos intensos, reproduzindo nas pessoas obstáculos de várias dimensões. Segundo Visca3, tais obstáculos podem estar relacionados a diferentes áreas: cognitiva, afetiva, funcional e/ou cultural.
Esses obstáculos caracterizam-se pela dificuldade e/ou resistência em aprender, em realizar algumas atividades. Tais condutas podem aparecer associadas ou não, configurando-se como dificuldade à medida que o grupo não consegue se afastar do ponto conflitante para perceber o que coexiste com o problema e tentar superá-lo, transformando e transformando a si mesmo. Portanto, em algum momento, a aprendizagem pode não evoluir por si mesma, necessitando de intervenção; no ambiente institucional, normalmente, esta ocorre de forma espontânea e sem a intencionalidade de aprendizagem qualitativa e reflexiva. “A ação grupal, interação em suas diferentes formas, pode ser regulada a fim de torná-la eficaz, de potencializá-la em vista de seus objetivos.” Nesse sentido, a intenção é instrumentalizar a situação grupal para um processo de intervenção mais elaborado.
Pensar em Psicopedagogia como um olhar articulado e sem barreiras na ação institucional é falar de um exercício psicopedagógico que se constrói no processo, buscando-se caminhos para superar desafios, como parte da aprendizagem do grupo.

A Instituição que se Articula com o Saber Psicopedagogico

Um dos grandes desafios para quem atua em instituição escolar pública é a articulação dos saberes para a produção do trabalho coletivo. Normalmente, tal instituição é um espaço cercado de informações e ações que se cruzam rapidamente, e o tempo disponível nunca é suficiente para as discussões coletivas. O tempo não pára, exigindo habilidades da equipe para lidar com conflitos e necessidades de várias dimensões.
É no interjogo das relações que se estabelecem, em meio a dúvidas e dificuldades encontradas, que algumas experiências cristalizam-se como verdades e parecem impermeáveis às mudanças. Muitas vezes, tem-se que lidar com anos de verdades absolutas, criando uma dicotomia na relação de ensinar e aprender que não deixa espaço para a percepção do outro como parte do processo. Nesse percurso, é muito comum se abandonar o “barco”, como sendo o fim de um projeto de educação possível, porque as condições nem sempre são favoráveis. Entre a condição ideal e a não-ideal, criam-se lacunas cada vez mais significativas e, sem que o grupo perceba, aprende a ser depositário de todos os estereótipos de uma educação sem qualidade.
Com base em tais preocupações, atribui-se à Psicopedagogia no âmbito institucional um papel importante e de aliado, que ajuda o grupo a entender o seu funcionamento e rompe barreiras à aprendizagem, como possibilidades na construção do trabalho educacional coletivo. Através dela, pode-se transformar pensamento linear em pensamento dialético, que mostre as contradições, as resistências, os medos, que criam impossibilidades à aprendizagem e tratam o saber escolar como privilégio de uns em detrimento de outros, com a perda da conotação social e de inclusão.
A instituição que se articula com o saber psicopedagógico é uma instituição que trabalha com a pergunta, com a humanização das relações como processo fundamental para aprendizagem, que não é só do aluno, mas do grupo, e com as mudanças que envolvem conflitos significativos. Portanto, essa perspectiva de trabalho envolve o que Paulo Freire, chamou de paciência histórica. “Somente um ser que é capaz de sair de seu contexto, de „distanciar-se‟ dele para ficar com ele; capaz de admirá-lo para, objetivando-o, transformá-lo e, transformando-o, saber-se transformado pela sua própria criação; um ser que é e está sendo no tempo que é o seu, um ser histórico; somente este é capaz de comprometer-se, não estamos falando de receita mas das interações grupais composta pelo individuo que se manifesta no grupo, e de conflitos decorrentes dessas experiências e que envolvem o tempo do grupo que não é igual ao de nenhum outro.
No âmbito institucional, as contribuições de Pichon-Riviére2 ensinam a importância da interação grupal. Fundamentado na perspectiva da aprendizagem, o aprender a pensar é organizado através da tarefa em grupo com objetivos em comum. No grupo, as pessoas articulam-se para concretizar os objetivos e aprendem a lidar com as ansiedades e obstáculos, a questionar a falta e a buscar soluções. A sistematização do conhecimento se dá através do coletivo. A tarefa educativa como produto da ação coletiva só é possível quando o grupo aprende a transformar a ação individual numa coletiva.
Na escola, esse processo é construído a partir do entendimento de que um não representa ameaça para o outro e que se pode arriscar para conhecer melhor a realidade que compõe a sala de aula e a escola. É possível pedir ajuda trocar experiências, trocar material, sair para passear com alunos, ouvir a família, ouvir o aluno, mudar o jeito de organizar a sala de aula. É possível sentir-se acolhido diante da adversidade; é possível perceber que errando se pode acertar. Trabalha-se com o conceito de aprendizagem que envolve a interação e vai se transformando na medida em que o grupo aprende a dialogar com os conflitos.
As Experiências da Instituição que se Articula com o Grupo de Estudos
A realidade institucional, da qual faz parte a autora, atuando como pedagoga, é permeada por conflitos de ordem social; muitas vezes, para dar conta de tal contexto, é preciso perguntar: por onde começar? A ausência de autoridade na família, a falta de limites na escola e o lugar de autoridade que esta acaba assumindo são fatos que provocam muitas discussões. Tais experiências geram ansiedades, principalmente para o professor; este, muitas vezes, vê o trabalho em sala de aula reduzido a conflitos: desentendimento entre alunos com agressão física, material trazido para a escola indevidamente por alunos e que pode colocar em risco outras crianças, empréstimo de material entre alunos como atividade lucrativa, agressão verbal ao professor, desqualificando a sua função, fatores de ordem emocional que alteram o humor do grupo criando outros impedimentos.
Por outro lado a família procura a escola para pedir ajuda, porque não consegue exercer sua função de autoridade em casa.
São essas histórias e aquelas de outras instituições que compõem o objeto de estudo do grupo para o diálogo institucional. Laura Monte Serrat Barbosa1 traz como reflexão ao grupo, do qual faz parte como mediadora, a necessidade de se entender a instituição partindo-se do conhecimento prévio a respeito da ação que ela produz e da maneira como promove a aprendizagem. Portanto, tratar de uma instituição real é não ignorar a sua realidade. O que se faz nesse processo é tomar a distância necessária para entender o fenômeno e retornar à escola, criando possibilidades em relação ao que foi proposto como sendo a parte do grupo na instituição.
As questões trabalhadas no grupo de estudo são questões do grupo na relação de aprender que se articula em seu espaço de atuação profissional, diante dos desafios que se apresentam. É um grupo que aprende para interagir melhor no que se propõe. E aí está uma diferença importante: não é trabalhar a aprendizagem olhando-a de fora, mas sim se incluir no processo. Na realidade, cada um é porta voz do grupo a que pertence. “Porta voz de um conflito, que é vivido como próprio, mas que, por sua vez, denuncia o conflitivo que é vivido como próprio, mas que, por sua vez, denuncia o conflitivo da situação interativa e da relação com a tarefa.”
Apesar da perspectiva do grupo de estudo estar relacionada com o processo psicopedagógico, a leitura do sintoma exige um pensamento sistematizado que não está dissociado do diagnóstico. Segundo Visca3, é necessária a existência de um instrumento conceitual que faça a ponte entre os aspectos gerais de um estudo diagnóstico, o caso particular que se está investigando e um instrumento que deve orientar a prática do diagnóstico psicopedagógico. Nessa perspectiva, a Epistemologia Convergente possibilita alguns caminhos de acesso para sistematização do conhecimento, organizado através da Matriz do Pensamento Diagnóstico, que é um instrumento conceitual, que possibilita o ir e vir constante, focando e distanciando-se do fenômeno. É isso que permite a reflexão sobre o sintoma da instituição, a instituição em relação ao sintoma e a concepção de mundo, de sociedade que se articula nesse espaço de aprendizagem.
A forma como a instituição representa as suas necessidades pode estar relacionada ao entendimento de determinados assuntos, que são influenciados pela sua concepção de
homem e de sociedade. É possível a indignação diante de alguma atitude de um colega, mas não é possível deixar de considerar que tal atitude é resultado do que ele acredita e do seu próprio processo de aprendizagem. Mobilizar o grupo a seguir em outras direções, buscando mudanças, é estabelecer passo a passo novos caminhos. È interagir no que propõe Vygotsky5: zona de desenvolvimento real e zona de desenvolvimento proximal. Pode-se desafiar o grupo a pensar, a reagir de forma mais elaborada frente aos desafios, mas não se pode exigir que o resultado seja imediato.
“Portanto, na perspectiva de Vygotsky, construir o conhecimento implica numa ação compartilhada, já que é através dos outros que as relações entre sujeito e objeto de conhecimento são estabelecidas”.

Conclusão
Pode-se incluir muitas indagações sobre a forma de atuação da Psicopedagogia no âmbito institucional. Nessa proposta, a atividade está centrada na importância de mobilização do conhecimento de quem tem a formação na área, atuando na inter-relação com as atividades desenvolvidas, tornando possível uma prática psicopedagógica que, apesar de não estar formalizada no espaço de trabalho, compõe a equipe.
Esse percurso, como experiência que vem se construindo, é movido pelo desejo de não ficar indiferente às possibilidades de articulação do saber psicopedagógico ao contexto escolar, através de uma práxis que dialoga com as necessidades, transformando o saber individual em saber coletivo. Assim, gera práticas mais consistentes, que respeitam a singularidade de cada um, permitindo que a equipe escolar consiga lidar com as resistências e os desafios como resultado da sua própria aprendizagem.

Rose Mary da Fonseca Santos pedagoga, psicopedagoga

Referências
1 Barbosa, LMS. A Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar. Curitiba: Expoente; 2001.
2 Pichon-Rivière, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes; 1988.
3 Visca, J. Clínica psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artes Médicas; 1987.

4 Freire, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1981.
5 Vygotsky, LS. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes; 1987.
6 Rego, TC. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes; 1995.

Ser um bom professor não significa apenas a capacidade de transferir conhecimento, se faz necessário uma postura reflexiva, capacidade de observar, de regular, de inovar, de aprender com outros.
Ser capaz de desenvolver na criança a capacidade de raciocínio, de posicionamento, tornando-o desafiador, provocador e instigador.

É necessário que tenha competência para identificar os processos pedagógicos que ocorrem no nível das relações sociais mais amplas como nos movimentos sociais organizados, nas ONGs e não somente nos espaços escolares.

O professor, não surge do dia para noite, mas, sim, a partir de um longo e rico processo de formação profissional que lhe possibilita uma atuação consciente e plena de comprometimento social.
Torna-se importante deixar claro que a intenção não é atribuir culpa a esses professores pelo fracasso dos alunos. No entanto, considera-se necessário conscientizá-los de que o sucesso da aprendizagem depende da qualidade de sua prática docente, ou melhor, da sua competência para ensinar.




Para conhecer melhor a problemática iremos estabelecer objetivos como:
• Identificar dados demográficos, como escolaridade,
• Tempo de profissão,
• Tempo de experiência na série, em professores de 1ª e 2ª série do ensino fundamental;
• Verificar o índice de aproveitamento dos alunos por sala de aula;
• Avaliar a competência do professor, pela auto-avaliação, por meio de uma escala de competência pessoal, política e técnica.
• Comparar os resultados da auto-avaliação de competência do professor com o índice de aproveitamento dos alunos e algumas variáveis como grau de escolaridade e experiência profissional.

Material
Ficha de identificação com informações sobre idade, sexo, grau de escolaridade e experiência profissional.
Três características fundamentais para carreira docente e seus aspectos preponderantes:
• Competência pessoal – que se refere aos itens de habilidades que avaliam aspectos da personalidade do professor relacionados à prática docente tais como afetividade, motivação, disciplina e equilíbrio.
• Competência política – refere-se aos itens de habilidades que avaliam o valor político atribuído à atividade docente tanto no âmbito individual como coletivo, tais como compreensão do valor político da educação, ação política no cotidiano escolar, avaliação do impacto da educação.
Competência técnica – refere-se aos itens de habilidades que avaliam os conhecimentos técnicos do professor relacionado à prática docente, tais como técnica de ensino, manejo de classe, domínio de conteúdo, planejamento e avaliação.

Procedimento
Fazer um primeiro contato e coletar dados com todos os participantes, a fim de analisar a questão da competência do docente para ensinar o aluno, explicar a necessidade do sigilo e a liberdade da participação ou não na pesquisa. Fazer levantamento do índice de aproveitamento dos alunos que foram atendidos por eles no ano de 2009.
Em seguida realizar a aplicação da escala de auto-avaliação de competência para ensinar, individual e na própria escola com duração de aproximadamente 40 minutos.
De posse de todos os dados fez-se à descrição e discussão dos resultados sem citar nomes.

21/02/2010
Karmem


A construção de limites e a formação de valores tem sido uma das maiores preocupações dos educadores nestes últimos tempos. Preocupação esta que levou o autor a uma grande reflexão.
Gilson de Almeida Pereira é Pedagogo, especialista em orientação educacional, psicopedagogo, Mestre em educação pela PUCRS e doutorando pela mesma instituição. Desenvolve pesquisas destinadas à formação de professores, por isso o livro “Limites e Afetividade” surgiu de uma dissertação de mestrado.

O livro é muito envolvente, dividido em sete capítulos ao longo de 154 páginas, destaca a importância da afetividade na construção de limites. O autor descreve seis tipos de professores, após três semestres letivos de observações e entrevistas em uma escola. Gilson mostra a postura dos professores através de uma história fictícia.

O primeiro professor é desorganizado, não dá atenção aos alunos, não sabe o que faz e, quando questionado irrita-se. Não consegue administrar o carinho, a atenção, a organização pedagógica e a conduta em sala de aula, ou seja, não sabe lidar com limites e afetividade, nem estabelecer uma interação com os alunos.

O segundo, demonstra uma relação de poder, é exigente e enraivecido, procura manter os alunos ocupados a todo instante.
O terceiro professor, é afetivo e ingênuo, com baixa auto-estima e extremamente religioso. O quarto, varia muito de humor, diversificando as atividades, irrita-se com menos facilidade.

O quinto professor, é extremamente afetuoso e preocupado com seus alunos. Desenvolve um trabalho mais relacionado com a vida de seus alunos, buscando se relacionar com eles, trabalhando com o respeito mútuo e os limites. No entanto, cobra muito com excesso de trabalhos e avaliações.

O sexto não suporta a falta de respeito ou de comprometimento, mas consegue estabelecer limites e, estimula os alunos a resolver suas dificuldades. Tem humor apurado e atitude de respeito mútuo. É rígido e trabalha os limites através de laços afetuosos.
Com essas observações, o autor deixa claro que a postura do professor influencia na disciplina de uma turma. Muitos professores precisam ter o controle de tudo, não permitem conversas e brincadeiras. Com isso, deixam de utilizar recursos e técnicas que poderiam tornar suas práticas pedagógicas mais interessantes e motivadoras. São extremamente autoritários, exercem controle rígido, ditam regras e limites. Os alunos por sua vez, buscam seu espaço para expressar suas idéias, através da indisciplina, respondendo ao abuso da autoridade com atos provocativos.

No decorrer do livro, o autor enfoca “o afeto como fator básico para a construção dos valores e limites, chegando ao ideal do respeito mútuo entre os seres humanos”. De acordo com o tipo de ação adotada pelo professor, autoritária ou libertadora, as relações estabelecerão limites de maneira diferente. Por isso, é tão importante o respeito mútuo, o afeto para que se estabeleçam os limites e o respeito às regras.

O autor afirma ainda: “ o que não significa que, para ser afetuoso, seja necessário dizer somente sim. O afeto está presente no ato, seja este um afago ou uma negação, seja um elogio ou uma repreensão.” Quando o aluno sente-se respeitado e sabe que existe alguém preocupado com ele, que lhe demonstre afetividade, saberá aceitar quando for repreendido ou quando algo lhe é negado.

O livro “ Limites e Afetividade” é uma referência bibliográfica indispensável para todos educadores. Com ele, é possível compreender a importância do afeto na relação professor-aluno, refletir sobre a prática educativa através da análise das posturas descritas. A sua leitura possibilita uma profunda tomada de consciência de nossos atos e da necessidade de buscar alternativas e ações para tornar o ambiente escolar um lugar propício para a aprendizagem, para as relações humanas e para a formação de cidadãos conscientes e afetuosos.
Limites e Afetividade, de Gilson de Almeida Pereira, Editora da Ulbra, Canoas, 2004.